Header Ads Widget

Responsive Advertisement

UPPs desorganizaram o tráfico de drogas no Rio, dizem especialistas

RIO — O aumento dos índices de violência é visto pelo antropólogo Roberto Kant, pesquisador da UFF, como reflexo da descapitalização dos traficantes por causa das UPPs. Segundo ele, houve uma desorganização do tráfico. Os índices de criminalidade foram divulgados, nesta sexta-feira, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). O estudo mostra que a violência cresceu no Estado do Rio. O número de homicídios aumentou 23,6% em março deste ano (quando ocorreram 508 casos), em comparação com o mesmo mês de 2013 (411 registros). — Os criminosos estão tendo dificuldades de vender drogas e alugar armas para a prática de crimes nessas áreas. Aliado a isso, ainda não se implantou um policiamento menos violento. A polícia está se impondo pela força, legitimada pela sociedade. A grande pergunta é: por que no Brasil precisamos ter tanta violência? Para o ex-policial do Bope e antropólogo Paulo Storani, o crescimento da criminalidade se explica pelo deslocamento de bandidos para áreas onde não há policiamento suficiente. — À medida que as comunidades foram ocupadas, os bandidos se deslocaram para regiões onde os batalhões da PM já não estavam dando conta, pois há um déficit de homens para o policiamento ostensivo — afirmou o especialista. Para tentar mudar esse quadro, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou, nesta sexta-feira, um reforço no patrulhamento das ruas, com mais dois mil PMs, a partir da próxima segunda-feira. — Notamos um aumento gradativo da violência a partir do segundo semestre do ano passado. Inauguramos companhias destacadas, criamos delegacias de homicídios. E, agora, a partir de segunda-feira, colocaremos toda a polícia na rua (incluindo PMs em horário de folga). Estamos adiantando um esquema que seria implantado durante a Copa do Mundo, para dar a ostensividade necessária e tentar diminuir os índices — afirmou Beltrame. O governador Luiz Fernando Pezão também adiantou que, na próxima semana, terá início uma parceria entre o estado e a prefeitura, na qual guardas municipais passarão a trabalhar no policiamento ostensivo, dando apoio a PMs. Pezão e Beltrame divulgaram as novas ações durante visita ao Complexo da Maré. — Foi o prefeito que nos procurou, propondo a parceria. Começaremos pelo Centro — disse Pezão. Em março deste ano, na capital, o número de homicídios teve queda de 6,7%, em comparação com o mesmo mês de 2013. Em fevereiro, no entanto, cujos índices também foram divulgados nesta sexta-feira, foi registrado um crescimento de 7,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. Também em fevereiro deste ano, na Baixada Fluminense, foram registrados 126 assassinatos, um crescimento de 42,8% em comparação com fevereiro de 2013. Em todo o estado, ainda na comparação dos meses de março, o número de roubos de veículos subiu 31,3%. No mesmo período, houve aumento nos roubos a transeunte: 46,5%. Em março, também houve crescimento, de 23,6%, nos autos de resistência (mortes em confronto com a polícia). Em fevereiro, a alta foi ainda maior: 96,5%. O aumento dos índices de violência é visto pelo antropólogo Roberto Kant como reflexo da descapitalização dos traficantes por causa das UPPs: — Os criminosos estão tendo dificuldades de vender drogas e alugar armas para a prática de crimes. Aliado a isso, ainda não se implantou um policiamento menos violento. Para o ex-policial do Bope Paulo Storani, o crescimento da criminalidade se explica pelo deslocamento de bandidos para áreas com pouco policiamento: — As comunidades foram ocupadas, e os bandidos foram para regiões onde os batalhões da PM já não davam conta.